sábado, 10 de maio de 2014

Deus só pode ser brasileiro por nos brindar com a Folha de S. Paulo

Estou comovido com a coragem da Folha de S. Paulo.
Veja como ela, a serviço do Brasil, enfrenta destemidamente interesses de poderosos. A Globo sonega bilhões, um ato corrupto e criminoso?
Lá está a Folha, para defender os cidadãos da predação tributária, econômica, social da Globo.
A cobertura da Folha sobre o escândalo fiscal da Globo merece mais que o Esso. Tem que levar também o Pulitzer.
Ponho a Folha no mesmo patamar de Snowden, ao desafiar o império americano. Que seríamos de nós sem a Folha?
Mais um capítulo da saga indômita da Globo acaba de ser escrito hoje.
A Folha está se batendo contra ninguém menos que a ultrapoderosa Joana Saragoça, filha de Dirceu. Podemos dormir sossegados, agora.
Joana cometeu o crime inominável de ter furado a fila na visita a seu pai, segundo repórteres da Folha que ficaram de campana para flagrar este ato de superior importância.
Os leitores da Folha reconhecem a grandeza do feito do jornal. Li os comentários no site. “Filho de rato, rato é”, exclamou um deles.
“Filha legítima de Zé Dirceu, mau caráter como o pai”, decidiu outro.
No blog de um colunista da Folha, o tom civilizatório comandava os comentários. Disse um leitor ali: “O terrorista, criminoso, bandido, mensaleiro, chacal famulento goza de regalias, privilégios e mordomias desmesuradas.” Ele desejou a morte a Dirceu, a quem o diabo esperará para “se saciar”.
Um jornal, um site são seus leitores, e são realmente inspiradores os leitores da Folha e de seus colunistas. Magnânimos como Marco Aurélio, generosos como Confúcio, tolerantes como Voltaire, brilhantes como Platão.  Devem todas essas virtudes à Folha.
Houve uma transferência imediata do ódio que os leitores progressistas da progressista Folha sentem por Dirceu. Do pai ele jorrou para a filha.
Faço aqui uma pequena pausa para que todos aplaudamos a Folha e seus leitores sensacionais.
Se eu fosse anunciante – privado ou público – me orgulharia de cada centavo colocado na Folha. Porque ela está educando os brasileiros, e nos tornando uma sociedade de filósofos.
Estamos, graças à Folha, protegidos de Dirceu. E agora também estamos protegidos da diabólica Joana.
Mais uma salva de palmas, e de pé, para o magnífico jornal da Barão de Limeira, e para seu dono e editor, Otávio Frias Filho, há mais de trinta anos ajudando a fazer o Brasil esta república escandinava que é.
E aplausos também para Sérgio Dávila, editor executivo do jornal, e para Matheus Leitão,  o repórter que flagrou Joana. São os nossos Assanges.
Deus só pode ser brasileiro nos dando tanta gente boa para zelar por nós.
Por Paulo Nogueira

quarta-feira, 7 de maio de 2014

EXERCÍCIO MONSTRUOSO DO ÓDIO

Laura Capriglione: o problema diz respeito à barbárie que surge quando a descrença nas polícias e na Justiça se combina com o medo
” ‘Justiça popular’, tão exaltada na internet sob os gritos de ‘Bandido bom é bandido morto’, é apenas o exercício monstruoso do ódio”


É com muita tristeza que deixo meus sentimentos de pêsames à família da Fabiane Maria de Jesus, esposa e mãe de dois filhos, vítima de um ato cruel e desumano de linchamento em via pública, o que levou à sua morte.

É lamentável que fatos como estes aconteçam nos dias atuais e em nossa cidade. Eu, particularmente, a conhecia da Igreja, éramos da mesma comunidade e morávamos no mesmo bairro, no Morrinhos.

A Fabiane era uma boa moça, sofria de problemas psiquiátricos e passou por um problema de depressão pós-parto. Ela participou do grupo de jovens católicos e todos que a conheceram sabem que ela seria incapaz fazer mal a alguém
.”

Foi assim que a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), 45 anos, descreveu a jovem Fabiane. Ambas integraram o Grupo de Jovens da Igreja de São João Batista, no bairro em que moravam.

Mesmo com tais referências, entretanto, Fabiane Maria de Jesus morreu aos 33 anos, depois de ser xingada, humilhada e torturada pelas ruas de Morrinhos, na periferia da estância balneária de Guarujá, alcunhada de “Pérola do Atlântico”.

Acusada de sequestrar e de praticar atos de magia negra contra crianças, Fabiane foi encurralada no último sábado em uma rua do bairro por uma turba com sangue nos olhos. Levada ao fundão de uma quebrada, segura pelos braços e pernas como um animal indo ao sacrifício, espancaram-na sob os olhares entre horrorizados e cúmplices de crianças, mulheres e idosos.

O suplício de Fabiane incluiu socos no rosto, marretadas na cabeça, pontapés.

Já inerte, o corpo foi jogado em uma vala fétida.

Em um dos vídeos gravados durante o linchamento, ouve-se a conversa:
- É ela mesmo?

- É ela mesmo.

- Tem certeza, irmão, que é ela mesmo? Tem certeza?

- Ah, lá, na foto.

- Vou pegar a foto dela ali. 




Na página de “Guarujá Alerta”, ainda ontem no ar, a condenação era quase unânime, cerca de 1.800 usuários acusando-a de ser a responsável pela morte de Fabiane. A prefeita de Guarujá engrossou o coro em entrevista a este blog: “Quem matou foi uma minoria dos moradores de Morrinhos, instigados pelo uso irresponsável da rede social”.

Antes fosse. Mas não é.

Bairro proletário de 40.000 habitantes, Morrinhos, segundo a prefeita Maria Antonieta, é o lar de “gente ordeira que sai de madrugada para trabalhar”. Mas, então, como explicar que os “bons” não tenham conseguido se impor aos “maus”, impedindo-os de chegar ao fim em seu intento de sangue, tortura e morte?

Bem antes das redes sociais, as fotos que registram os negros enforcados nas árvores do sul dos Estados Unidos (muitos queimados vivos, cenas horrendas) também mostram honoráveis homens de terno e gravata em torno dos corpos, crianças risonhas, mulheres brancas, puritanas e bem compostas, em comemoração.

O problema desse tipo de “justiçamento popular” é que, excluídos os típicos sádicos, tarados por sangue, gente que por isso não tem credibilidade, são exatamente as pessoas ordeiras, os vizinhos pacíficos, os pais extremosos e a gente trabalhadora os principais envolvidos na execução coletiva de alguém. E eles o fazem para vingar, no corpo de sua vítima, da forma mais cruel possível, um delito cometido.


E por quê?

Segundo o professor José de Souza Martins, em seu “As condições do Estudo Sociológico dos Linchamentos no Brasil”, de 1995, “o linchamento não é uma manifestação de desordem, mas de questionamento da desordem. Ao mesmo tempo, é questionamento do poder e das instituições que, justamente em nome da impessoalidade da lei, deveriam assegurar a manutenção dos valores e dos códigos”. E não asseguram.

Pôr a culpa na página “Guarujá Alerta”, por isso, é tão simplista quanto atribuir a Rachel Sheherazade o condão de transformar membros da juventude dourada da zona sul do Rio em assassinos potenciais. “Guarujá Alerta” e Sheherazade tem sua parcela de responsabilidade, mas o problema é bem mais profundo.

Diz respeito à barbárie que surge quando a descrença nas polícias e na Justiça se combina com o medo de que os valores mais tradicionais da família, da Igreja e da vizinhança naufraguem no caos e na desordem.

O trágico é que poucos estariam tão revoltados com o linchamento de Fabiane se ela fosse ao menos “culpada” de alguma coisa, como aconteceu com o menino negro amarrado a um poste em plena praia do Flamengo, no Rio –depois de tanto escarafuncharem a vida do moleque, encontraram várias passagens pela Febem, como se isso justificasse o tratamento digno de capitães do mato.

Mas a inocência de Fabiane, mãe, fragilizada psicologicamente pela depressão, católica, amiga da prefeita, provou que essa tal “Justiça popular”, tão exaltada na internet sob os gritos de “Bandido bom é bandido morto”, é apenas o exercício monstruoso do ódio. Para Fabiane, é tarde demais para desculpas e arrependimentos.

Por Laura Capriglione

sábado, 3 de maio de 2014

Entendendo o Bolsa Família - Leitura Obrigatória

Não gosto muito de tratar assuntos políticos aqui; a razão para isso é que gosto de estimular a reflexão sobre o que observo no dia-a-dia e, acredito, falar sobre política sai um pouco desta linha, dado que nela o mote principal não é a razão e reflexão, mas a negociação de interesses.
Vou abrir uma exceção desta vez, devido a uma conversa que ouvi ontem.
Conversavam sobre a ineficiência, ineficácia do “bolsa-esmola” e toda a falácia que supostamente cerca o referido programa (positivas e negativas). O que me permite abrir essa exceção é o fato de que todos os candidatos parecem estar apoiando esta iniciativa – ainda que, em alguns casos, esse apoio seja motivo de riso para muitos.

Sou uma pessoa técnica, não gosto de fazer política. Minha experiência no campo político me proporcionou muita angustia pessoal; foi quando descobri que não tenho fígado para isso. Assim, há algum tempo, seguindo a minha visão técnica e sem conhecer muita coisa da realidade brasileira, eu questionava muito o tal do Bolsa Família; em especial, quanto à sua eficácia.
Avaliando superficialmente, o Bolsa Família é “um programa assistencialista e populista, uma forma legal de compra de votos”, como ouvi alguém colocar.
Não há como negar que é possível – e alguns diriam provável – que essa é a índole do programa, isto é, que essa é a motivação primordial por trás do programa. Por outro lado, vem a dúvida: será que esta é a característica mais relevante em uma análise mais ampla?
Depois de viajar pelo interior do Brasil, por lugares como o Vale do Jequitinhonha no norte de Minas Gerais ou o interior da Bahia, regiões extremamente mais pobres que a em que vivo – São Paulo -, conversar com os habitantes destes lugares e ouvir da boca deles como a vida da comunidade melhorou (e não apenas das famílias diretamente beneficiadas pelo programa), me convenci que a avaliação “rasa” do programa era falha, e comecei a procurar entender melhor suas consequências.
A conclusão a que cheguei é que ele tem efeitos muito mais relevantes do que aqueles normalmente explicitados. Aqueles que consideram que se trata apenas de um programa eleitoreiro, podem considerar que esses “efeitos”, na verdade, são apenas “efeitos colaterais”. Mas isso não invalida, de forma alguma, as conclusões sobre a validade do programa.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que, me parece, o segredo por trás do sucesso do programa é o valor que foi definido para a bolsa, além dos critérios para sua concessão. Os critérios são relevantes, mas dependem de controle – algo difícil de se conseguir, dada a amplitude de programa. O valor da bolsa, entretanto, tem um efeito auto-regulador interessante, que dispensa controle ativo.
Que efeito auto-regulador é esse? É o efeito de ser uma bolsa de um valor alto o suficiente para permitir que as famílias saiam da miséria absoluta, mas baixo o suficiente para que, assim que a situação melhora, seja para a pessoa ou para a comunidade em que ela vive, a bolsa se torna desprezível.
Para entender essa afirmação, é preciso avaliar os efeitos todos do programa, o que tentarei apresentar em diversos níveis, sempre com foco nos benefícios sociais que ele proporciona (e não nos ganhos políticos decorrentes).

Efeitos de Primeira Ordem

Os efeitos de primeira ordem são aqueles diretos, ou seja, uma melhoria da qualidade de vida dos mais miseráveis. Em tese, os beneficiários diretos são apenas as famílias que recebem a bolsa e é este tipo de efeito que leva a uma definição, talvez precipitada, de que se trata de um programa “populista e eleitoreiro”.

Efeitos de Segunda Ordem

Os efeitos de segunda ordem são aqueles observados na sociedade, em um curto intervalo de tempo, após a implementação do programa.

Na economia

As pessoas que recebem o bolsa família tem, proporcionalmente, um grande aumento em seu poder de compra; essas pessoas, entretanto, não estão em um patamar de consumo em que aumentar o poder de compra significa comprar supérfluos (celulares, carros etc.), mas sim em um patamar onde existe necessidade reprimida por alimentos e insumos básicos para a vida digna (água, limpeza, material escolar, dentre outros).
Como a maioria destas pessoas vivem em lugares muito pobres, estes produtos, em geral, não são adquiridos em grandes supermercados, mas em pequenas vendas e pequenos comércios locais.
Ora, a “vendinha” da esquina, ao ganhar novos consumidores e ter um aumento substancial do consumo, pode crescer. Se cresce, não apenas pode vir a gerar empregos, mas também movimenta a economia local: o dono da vendinha e seus funcionários também vão comprar em outras lojas.
Adicionalmente, o dono da vendinha tem como negócio o comércio, ou seja, ele não produz o que vende. Se aumentou a venda, ele tem que comprar mais.
Isso movimenta a agricultura e produção local e, em estágios mais avançados, até mesmo aumenta o consumo em outros mercados, de onde o dono da vedinha tem que ir buscar produtos, “na cidade grande”. Em outras palavras, trata-se do surgimento de novos mercados produtores e consumidores, possibilitando inclusive a indução de emprego e melhoria das condições de vida em outras regiões.
Além do efeito óbvio que isso tem para o aumento da qualidade de vida local, a maior parte dessas operações geram impostos para o governo e, embora seja difícil precisar o valor que “volta” para o governo de cada Real gasto com o Bolsa Família, o certo é que uma parte volta. Como são mercados novos, isso significa que o imposto que volta tem o efeito de diminuir o custo do programa, o que para o governo – e para o povo que o financia – é ótimo.
Agora, uma outra coisa que acontece com o aquecimento da economia local é, em geral, uma inflação local. É comum que nas regiões mais pobres tudo custe muito barato, porque as pessoas não têm dinheiro para consumir. Com o dinheiro e a melhoria inicial das condições de vida das pessoas, ocorre um aumento do consumo e, com isso, é normal que exista uma pequena inflação local. Bizarramente, isso é positivo, proporcionando um dos instrumentos de auto-regulação do benefício.
Quando alguém diz que “o cara vai receber a bolsa e não vai mais querer trabalhar”, está ignorando que a economia é dinâmica: com a inflação local  e o aumento do seu padrão de consumo, o poder de compra da bolsa para uma dada família vai cair com o tempo. Como o indivíduo pode trabalhar e receber a bolsa, com o tempo se torna mais interessante manter o emprego - que com o aquecimento da economia local tende a pagar melhor – do que a manutenção da bolsa – que tem valor fixo nacionalmente, não levando em conta as questões locais.
Isso pode acabar se tornando um caminho natural para a “porta de saída” da bolsa, depois de ter estimulado o desenvolvimento local.

Na política

Uma consequência curiosa – e que só me atentei para ela conversando com pessoas de local onde o coronelismo era muito forte – é que o Bolsa Família tirou poder das oligarquias locais, vulgarmente conhecidas como “famílias de coronéis”.
Historicamente estas famílias dominavam a política local através da compra do voto com coisas pequenas e baratas: pares de chinelos, sacos de farinha, coisas que não lhes custavam nada, mas que lhes permitiam governar uma cidade ou estado, receber verbas federais e desviar recursos à vontade, pois o povo – mantido ignorante e necessitado – via neles salvadores que lhes permitiam beber água da chuva – captada em um açude construído em propriedade particular de político, usando verba pública – a um pequeno custo… ou até mesmo de graça… “como é bom nosso governante!”
Obviamente este problema não acabou com o Bolsa Família, mas aparentemente vem se reduzindo. A razão para isso é que, com aquela pequena ajuda, nestes locais muito pobres onde se comprava um voto com um par de chinelos, as pessoas não têm mais interesse em vender seus votos por essas coisas – agora elas conseguem comprar o saco de farinha, sem precisar implorar ou trocar favores – ou seja, sobrevivem de maneira mais digna.
Assim, comprar o voto tornou-se uma prática naturalmente mais cara – ou seja, o Bolsa Família inflacionou a compra de votos, dificultando ou até mesmo impossibilitando a prática. Com isso, abre-se espaço para uma possível diversificação no espectro político em várias localidades. Surgem novas lideranças locais, municipais, mudando a dinâmica política da região.
Ainda que isso pareça um pouco distante, de médio prazo ao menos, novas lideranças locais têm assumido no lugar de velhas famílias oligárquicas em muitos lugares, o que pode ter como um de seus fatores de influência justamente o Bolsa Família (embora dificilmente seja o único, é claro!)
Alguns podem alegar que deixou-se de vender votos localmente para se vender nacionalmente, uma vez que com o benefício o governo federal estaria comprando votos também. Mas é questionável a validade de se falar em um “coronelismo federal”, dada o baixo contato entre povo e governo federal.

Na educação

Como o foco do Bolsa Família é na alimentação (faz parte do Programa Fome Zero) e a concessão da Bolsa exige a presença das crianças na escola, ele contribui para uma melhoria na educação, embora não a garanta.
A combinação da presença e alimentação é importante porque ninguém aprende nada sem ir para a escola e, mesmo indo, não aprende se estiver com fome.
Os efeitos da desnutrição na capacidade de aprendizado são vastos.
Infelizmente isso não é garantia, porque a educação básica em nosso país ainda é extremamente deficiente e, até o momento, por ser competência estadual e municipal, não há nada que o Governo Federal possa fazer a respeito.

Na saúde

Outra exigência para a concessão da Bolsa são os cuidados com a saúde da criança, regulamentado como exigência de vacinação, por exemplo. Bem alimentada e com orientações mínimas, as pessoas se mantém mais saudáveis e dependem menos do deficiente sistema público de saúde. Isso leva também a uma vida mais digna e traz mais motivação às pessoas.

Efeitos de Terceira Ordem

Os efeitos de terceira ordem são aqueles que decorrem da combinação dos efeitos de segunda ordem, além da universalização destes efeitos com o passar do tempo. Analisarei alguns deles.

Na sociedade

Com todos os efeitos de segunda ordem citados, em especial a geração de condições de vida mais dignas nos mercados locais – dado o seu desenvolvimento -, ocorre a formação de uma consciência de cultura local e, também, a fixação das pessoas onde elas estão, gerando novos pólos de desenvolvimento, produção e consumo.
Essa fixação é fundamental, uma vez que os grandes centros atuais não comportam mais crescimento populacional, já vivendo em uma condição de esgotamento de recursos (congestionamentos, falta de água, alto custo da alimentação, poluição, etc).
Fixando as pessoas em seu local de origem proporciona uma sociedade melhor distribuída, tornando a ocupação e o desenvolvimento nacional menos desigual, possibilitando acesso melhor distribuído aos recursos naturais de todas as regiões do país.

Na política

Com o passar do tempo, as novas lideranças locais podem ser tornar novas lideranças regionais ou até mesmo nacionais. Essa renovação nas lideranças políticas é saudável para a democracia, proporcionando seu amadurecimento.

Na educação

Um efeito já apontado em algumas análises é que, à medida que as condições de vida das pessoas melhoram, com um crescimento do rendimento per-capita, quando a renda do Bolsa Família passa a não se mais tão importante na alimentação – mas ainda antes de se tornar dispensável -, ela passa a ser utilizada na aquisição de livros e material escolar.
Este efeito, já constatado em alguns locais, proporciona, juntamente com outros fatores de segunda ordem, um grande ganho na capacidade de aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de gerações mais formalmente educadas.

Na saúde

Com alimentação, estudo e cuidados médicos básicos, temos um povo mais saudável; e um povo mais saudável é mais feliz, produz melhor e consome mais. Isso tudo já é ótimo para a nação.
Mais que isso, entretanto, os efeitos de longo prazo de políticas da mudança da cultura da população mais pobre – proporcionadas pelas exigências de concessão de bolsas do Bolsa Família -, podem formar gerações não apenas mais saudáveis, mas mais conscientes de sua própria saúde. E pessoas mais conscientes de sua saúde, em geral, cuidam dela, em um nível muito mais alto, como melhor alimentação, atividades físicas etc.

Efeitos de Quarta Ordem

Os efeitos de quarta ordem são os benefícios intrínsecos da universalização dos efeitos de terceira ordem. Os que imagino mais imediatos são três.
O primeiro é a influência de todos estes fatores nos gastos públicos com saúde. Esta área pode se beneficiar extremamente de uma população mais saudável e bem educada, tanto no aspecto financeiro – menos gastos com saúde pública – quando econômico – com um menor número de pessoas solicitando o sistema público de saúde, aqueles que o solicitam podem ser melhor atendidos, com um investimento público potencialmente menor.
O segundo é que, com uma melhor educação, obviamente combinadas com outras políticas que venham melhorar a cultura dos alunos, teremos uma população mais culta, capaz de escolher melhor seus representantes políticos, buscando um equilíbrio entre renovação e experiência, rumando cada vez mais em direção a uma democracia madura.
O terceiro é a influência de tudo isso nos gastos públicos com o próprio programa. Uma vez que a nossa população já ruma para uma estabilidade numérica e, com essa população cada vez mais educada, saudável e consciente, o número de famílias que precisam do Bolsa Família tende a ser cada vez menor.

Pontos negativos

Nem tudo são flores, no entanto. Como estes efeitos só podem ser observados com a presença do programa em todo o país, os números de beneficiários são extremamente altos e, assim, o controle dos parâmetros de concessão ficam prejudicados. É praticamente impossível fazer um controle rígido sem que os custos do programa cresçam demasiadamente.
Ainda que evidentemente ocorram desvios – devido ao controle precário -, é bastante possível que estes desvios representem um valor financeiro bastante inferior ao custo que teria um controle mais apurado. Esta afirmação não vem meramente de uma eventual fiscalização ter um custo alto, mas também do fato que os valores movimentados individualmente são muito baixos. Para que quantias grandes sejam de fato desviadas, grandes esquemas precisam ser armados.
Contra “grandes esquemas”, mesmo um controle menos sofisticado pode ser capaz de detectá-lo e, convém lembrar, principalmente na hipótese de “programa eleitoreiro para compra de votos” – como dizem alguns -, o governo seria o menor interessado em que exista desvio desta verba específica.
Adicionalmente, tanto o cadastro quanto o controle atuais são feitos pelos estados e municípios, que em grande parte não estão nas mãos dos mesmos partidos que o governo federal, o que dificulta ainda mais a formação de grandes esquemas sem que ninguém tenha conhecimento.
Moral da história: se ocorre desvio, é com o consentimento de todos; isso não torna a preocupação com os desvios menos importante, mas não serve de munição eleitoral contra o programa em si.

Conclusões

Diante do apresentado, afirmar simplesmente que se trata de um programa de esmolas é limitar demais o escopo de um programa que, sendo implantado de maneira generalizada como foi, pode trazer enormes transformações para um país – e, dentro de certos limites, já me parece estar trazendo, ainda que eles sejam pouco visíveis aqui em São Paulo.
O conjunto de efeitos que o programa traz consigo, cada um deles potencializando fatores fundamentais para o desenvolvimento do país em todos os níveis humanos, aliado ao seu custo relativamente baixo aos cofres públicos, tornam o Bolsa Família não apenas um programa de sucesso momentâneo, mas também uma proposta de estratégia de médio e longo prazo que tem, no meu entender, boas chances de, em conjunto com outras políticas, modificar positivamente a sociedade brasileira.
No fim, fica até difícil dizer qual é o efeito colateral. Seria um programa “populista e eleitoreiro” que, por acaso, melhora a condição de vida da sociedade como um todo, ou será que é um programa que, por melhorar a condição de vida da sociedade, torna-se popular e com dividendos eleitorais óbvios?
Quando ainda não observaram como isso é bom para a vida de todos, alguns dizem que nós não temos que pagar (através dos impostos) um programa como esse, observando apenas os aspectos dos dividendos eleitorais.
Entretanto, esta visão é simplesmente um reflexo da educação míope que nos foi imposta. Fomos educados de maneira bizarra, do ponto de vista social, ensinados que o importante é acumular e, portanto, dividir é mau.
A questão é que muitas vezes é preciso dividir para somar, ainda que a nossa criação – que define nossos preconceitos e medos – possa tornar dificultosa esta percepção. Nos limitamos a analisar os efeitos diretos, de curto prazo, de primeira ordem.
Porém, é preciso ir além. Desprezar efeitos de ordens superiores pode ser desastroso quando o propósito é planejar o futuro de uma nação.
Por: Daniel Jorge Caetano

Esse é o Brasil de Lula e Dilma


Os dados abaixo, foram conquistados pelo Brasil a partir de 2003, na era Lula e Dilma, antes éramos o lixo do mundo.

Essas informações são direcionadas aos jovens de hoje, que acreditam que só agora o Brasil acordou, por não ter noção do que era nosso país na época de FHC(PSDB) e sua turma, hoje representado por Aécio Neves.

O BRASIL DE 2014

➢ É a 7ª economia mundial 

➢ É o 2º maior país exportador de alimentos 

➢ É o 1º produtor e exportador de soja

➢ É o 1º produtor e exportador de café

➢ É o 1º produtor e exportador de açúcar

➢ É o 1º produtor e exportador de suco de laranja

➢ É o 1º produtor e exportador de carne bovina

➢ É o 1º produtor e exportador de frango

➢ É o 3º maior produtor de frutas

➢ É o 1º fabricante de jatos regionais

➢ É o 3º fabricante de aviões comerciais

➢ É o 4º mercado de veículos

➢ É o 7º produtor mundial de veículos

➢ Tem a 4ª maior indústria naval

➢ É o 2º maior produtor de minério de ferro

➢ É o 9º maior produtor de aço

➢ É o 4º maior produtor de cimento

➢ É o 4º maior produtor de celulose

➢ É o 1º em celulose de eucalipto

➢ É o 9º maior produtor de papel

➢ É o 7º maior fabricante de produtos químicos

➢ É o 8º maior produtor de alumínio primário

➢ É o 4º maior produtor de bauxita

➢ É o 3º maior produtor de alumina

➢ É o 5º maior produtor de têxteis

➢ É o 4º maior produtor de confecções

➢ É o 3º maior produtor de calçados

➢ É o 2º maior gerador de energia hidrelétrica

➢ É o 1º produtor de etanol e o 3º de biodiesel

➢ É o 7º maior gerador de energia elétrica e 9º maior consumidor 

➢ É o 3º maior mercado de computadores pessoais

➢ É o 5º em telefones celulares e o 5º em telefones fixos.

➢ É o 4º país em usuários de internet e o 3º em número de servidores

➢ É o 4º país em extensão de rodovias

➢ É a 4ª maior força de trabalho (104 milhões)

➢ É o 7º maior mercado de consumo do mundo

➢ É o 5º em reservas internacionais (US$ 377 bilhões)


ENTRE OS PAÍSES DO G20 O BRASIL DE 2014


➢ Teve o 9º maior crescimento do PIB em 2013 (2,3%0)

➢ É o 1º na proporção entre reservas e dívida de curto prazo (10 vezes)

➢ É o 2º na proporção entre reservas e importações (18 meses) 

➢ Teve o melhor resultado primário médio entre 2008 e 2013 (2,54%)

➢ É a 6ª menor dívida pública bruta em relação ao PIB (57,2%)

➢ Tem o 4º maior investimento Educação (5,8% do PIB)

➢ Tem o 9º maior investimento em Saúde (8,9% do PIB)


Por Roberval Padilha

*Números pescadas do blog Conversa Afiada